A melhor mãe do mundo (definitivamente) não sou eu
Sobre maternar, ouvir e não enlouquecer
Sobre ouvir e obedecer
Continuei a repetir a palavra “obedecer” numa tentativa de ter o controle, de não ter sobre mim esses olhares tão exigentes que insistem neste modelo falido da obediência cega do filho a seus pais.
Mas todas às vezes, absolutamente todas às vezes, não era isso o que meu coração desejava para a minha relação com o meu filho.
Demorei até compreender como alterar este círculo vicioso que vinha sendo inserido na minha vida. Meu filho não me deve obediência. Perdoem-me. Mas nem sempre eu sei o que é certo e errado. Não desejo que meu filho se submeta a minha vontade. Não desejo que meu filho acate as minhas ordens. Não, aqui não há uma relação de superioridade.
É claro que muitos dirão que estou apenas criando um pequeno monstro prestes a quebrar regras.
Mas não acredito nisto também, acredito que estou criando um ser humano livre, apto a perceber quais regras são sensatas e quais são ultrapassadas.
Um indivíduo que saiba respeitar o coletivo, e sua individualidade, não porque assim lhe disseram ser, mas porque ele observou, aprendeu e sente intimamente que assim é o correto.
Portanto, troquei a frase – “você precisa me obedecer.” – para: “você precisa me escutar.”
É só através da escuta do outro que vamos compreender as necessidades, é só através do diálogo que vamos chegar num meio-termo.
Só através da compreensão, do olho no olho, do amor, da percepção de que além de nós existem muitos outros, que a nossa vontade não é a única, que nem tudo que desejamos possuímos.
Quero que meu filho se torne parte da decisão, que seja fator ativo, que tenha sua autonomia levada em consideração e que contribua efetivamente para um bem comum. E que ele seja capaz de acordo com seu crescimento, que não seja exigido dele uma percepção que sua vivência ainda lhe forneceu. Mas que desde sempre ele possa sim, tomar as decisões e ter as percepções que sua idade lhe permite.
É esse meu desejo.
Que ele faça o certo, não porque assim eu lhe disse ser, mas porque ele e eu, abertamente dialogamos e descobrimos o caminho por onde ir.