sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Sobre ouvir e obedecer

A primeira vez que falei ao meu filho, num tom duro e certeiro – “você precisa me obedecer.” – senti um mal estar tremendo. Na verdade, não era este o meu real desejo. Esta era a reprodução do que a sociedade via ser o meu desejo de mãe.
Continuei a repetir a palavra “obedecer” numa tentativa de ter o controle, de não ter sobre mim esses olhares tão exigentes que insistem neste modelo falido da obediência cega do filho a seus pais.
Mas todas às vezes, absolutamente todas às vezes, não era isso o que meu coração desejava para a minha relação com o meu filho.
Demorei até compreender como alterar este círculo vicioso que vinha sendo inserido na minha vida. Meu filho não me deve obediência. Perdoem-me. Mas nem sempre eu sei o que é certo e errado. Não desejo que meu filho se submeta a minha vontade. Não desejo que meu filho acate as minhas ordens. Não, aqui não há uma relação de superioridade.
É claro que muitos dirão que estou apenas criando um pequeno monstro prestes a quebrar regras.
Mas não acredito nisto também, acredito que estou criando um ser humano livre, apto a perceber quais regras são sensatas e quais são ultrapassadas.
Um indivíduo que saiba respeitar o coletivo, e sua individualidade, não porque assim lhe disseram ser, mas porque ele observou, aprendeu e sente intimamente que assim é o correto.
Portanto, troquei a frase – “você precisa me obedecer.” – para: “você precisa me escutar.”
É só através da escuta do outro que vamos compreender as necessidades, é só através do diálogo que vamos chegar num meio-termo.
Só através da compreensão, do olho no olho, do amor, da percepção de que além de nós existem muitos outros, que a nossa vontade não é a única, que nem tudo que desejamos possuímos.
Quero que meu filho se torne parte da decisão, que seja fator ativo, que tenha sua autonomia levada em consideração e que contribua efetivamente para um bem comum. E que ele seja capaz de acordo com seu crescimento, que não seja exigido dele uma percepção que sua vivência ainda lhe forneceu. Mas que desde sempre ele possa sim, tomar as decisões e ter as percepções que sua idade lhe permite.
É esse meu desejo.
Que ele faça o certo, não porque assim eu lhe disse ser, mas porque ele e eu, abertamente dialogamos e descobrimos o caminho por onde ir.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Sobre escutar e obedecer.


A primeira vez que falei ao meu filho, num tom duro e certeiro - "você precisa me obedecer." - senti um mal estar tremendo. Na verdade, não era este o meu real desejo. Esta era a reprodução do que a sociedade via ser o meu desejo de mãe.
Continuei a repetir a palavra "obedecer" numa tentativa de ter o controle, de não ter sobre mim esses olhares tão exigentes que insistem neste modelo falido da obediência cega do filho a seus pais.
Mas todas às vezes, absolutamente todas às vezes, não era isso o que meu coração desejava para a minha relação com o meu filho.
Demorei até compreender como alterar este círculo vicioso que vinha sendo inserido na minha vida. Meu filho não me deve obediência. Perdoem-me. Mas nem sempre eu sei o que é certo e errado. Não desejo que meu filho se submeta a minha vontade. Não desejo que meu filho acate as minhas ordens. Não, aqui não há uma relação de superioridade.
É claro que muitos dirão que estou apenas criando um pequeno monstro prestes a quebrar regras.
Mas não acredito nisto também, acredito que estou criando um ser humano livre, apto a perceber quais regras são sensatas e quais são ultrapassadas.
Um indivíduo que saiba respeitar o coletivo, e sua individualidade, não porque assim lhe disseram ser, mas porque ele observou, aprendeu e sente intimamente que assim é o correto.
Portanto, troquei a frase - "você precisa me obedecer." - para: "você precisa me escutar."
É só através da escuta do outro que vamos compreender as necessidades, é só através do diálogo que vamos chegar num meio-termo.
Só através da compreensão, do olho no olho, do amor, da percepção de que além de nós existem muitos outros, que a nossa vontade não é a única, que nem tudo que desejamos possuímos. 
Quero que meu filho se torne parte da decisão, que seja fator ativo, que tenha sua autonomia levada em consideração e que contribua efetivamente para um bem comum. E que ele seja capaz de acordo com seu crescimento, que não seja exigido dele uma percepção que sua vivência ainda lhe forneceu. Mas que desde sempre ele possa sim, tomar as decisões e ter as percepções que sua idade lhe permite.
É esse meu desejo.
Que ele faça o certo, não porque assim eu lhe disse ser, mas porque ele e eu, abertamente dialogamos e descobrimos o caminho por onde ir.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Despedida


Me despeço de mansinho do seu primeiro dia. Sorrio de leve frente as novas portas que se abrem pra mim.
Danço de olhos fechados sua música e faço contigo um acordo sussurrado enquanto sinto um vento fininho bater nos meus cabelos e me fazer arrepiar.
Me entrego ao seu abismo desconhecido confiando que terei asas pra seguir.
Seja leve, seja delicado, seja pleno que serei sua.
Me deixa rir das suas horas, mergulhar nos seus dias enquanto costuro as nossas histórias de felicidade e gratidão.
Não há tempo a perder.
Há amor demais dentro do meu peito e ele insiste em sair.
Há na minha boca fagulhas de afeto e preciso dize-las.
Há nos meus olhos uma crença de menina que me faz ir além
Não há tempo a perder.
Entregue-se ao afeto, ao encontro, ao reencontro, a ebulição de emoções, permita-se viver.
Vai ser bonito, acredite em mim.
Vai ser nosso, vai ser o que a gente quiser que seja.
Dê o melhor de si e terá o melhor do universo.
Sou sua 2015. E você é meu também.