Pedro do Coutto
Pesquisa do Datafolha concluída
sexta-feira e publicada na edição de domingo em reportagem da Folha de
São Paulo revelou que a aprovação da presidente Dilma Rousseff, que se
encontrava na escala de 65%, recuou oito degraus descendo portanto a
57%. Trata-se da faixa amplamente majoritária que considera seu governo
entre ótimo e bom. Acham regular 33% e apenas 9 o classificam de ruim e
péssimo. A queda, certamente, preocupou o Palácio do Planalto na medida
em que pode significar o início de uma sequência negativa. Este é um
ponto da questão. Entretanto, dividindo-se a aprovação de 57 pela
rejeição de 9, vamos encontrar um coeficiente altamente favorável à
presidente da República.
Os leitores vão naturalmente
perguntar: e os 33% que colocam a administração no patamar de regular
simplesmente? Respondo que esses 33% não possuem opinião formada, na
realidade abstiveram-se de responder. Em pesquisas de opinião, a meu
ver, só valem as afirmações de ponta. Ótimo e bom de um lado, ruim e
péssimo de outro. Por isso, para qualificar o coeficiente, acredito que
tenha que se dividir o maior pelo menor. O resultado, dependendo dos
números, pode ser positivo ou negativo. No caso de Dilma Rousseff,
positivo.
Tanto assim que, se as eleições
para a sucessão presidencial fossem hoje, ela alcançaria 51% dos votos,
vencendo no primeiro turno. O Datafolha relacionou três candidaturas de
oposição: Marina Silva 16 pontos; Aécio Neves 14 e Eduardo Campos
apenas 6%. Somem 36 pontos. Quatorze por cento não souberam opinar.
Normal. A campanha eleitoral,em seu sentido mais amplo, ainda não
começou. Deve-se notar também que, nos últimos pleitos, entre 6 a 7% ou
votam em branco ou anulam o voto. De qualquer forma, contudo, o
Datafolha com o levantamento balizou as possibilidades e perspectivas do
quadro para 2014.
Dilma manteve a frente porque
as maiores quedas em seu prestígio têm origem entre os que ganham mais
de dez salários mínimos e entre os que possuem formação superior. São
faixas minoritárias da população. É só consultar o IBGE. Dois terços dos
que trabalham ganham até 5 salários mínimos. Quanto mais alta for a
renda, maior a resistência e a reação contrária a Dilma. Quanto menor
for a renda, maior será sua aprovação. Ela perdeu pontos na sua
aprovação, em consequência os índices de regular e péssimo subiram.
Mas as posições de Marina
Silva, Aécio Neves e Eduardo Campos não se alteraram diante de pesquisa
anterior do mesmo Datafolha. Aécio é candidato certo, mas Marina Silva
depende de conseguir ou não criar seu partido, ou então ingressar no
antigo PPS, hoje MD, sigla de Movimento Democrático. E Eduardo Campos?
Registrando somente 6% das intenções de voto, com sua exposição nos
meios de comunicação, dificilmente concorrerá. Isso porque seu partido,
o PSB, faz parte do atual governo. Não trocará uma posição consolidada
que pode se estender por mais quatro anos, para escolher um candidato de
oposição cuja candidatura não decolou. Cinquenta e um contra 6 pontos é
uma diferença muito grande de vir a ser superada.