quinta-feira, 24 de julho de 2014

Gracinhas de um neto

Estávamos eu e Gabriel saindo de casa. Ele apontou pro chão e disse:
- Olha uma lagarta.
Olhei e não tive certeza se era mesmo uma lagarta. Mas se fosse, era uma senhora lagarta. Grande e gorda. Linda. Multicolorida. E que rastejava em velocidade vertiginosa.
Claro que o que minha maturidade permitiu foi pegar a criança, pular a lagarta e correr metros. Ele ria.
Parei de correr. Coloquei o moleque no chão.
Três minutos depois ele pede:
- Me dá colo.
Dei com esforço.
- Agora corre mamãe!
- Gabriel, você tá pesado. Não dá pra correr.
Ele em silêncio. Senti que algo estava sendo planejado naquela cabecinha.
Não deu outra:
- Olha mãe! Corre! A lagarta tá vindo.
E riu com vontade.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Nova teoria sobre o Big Bang pode recontar a origem do Universo


Com base no circuito de gravidade quântica, pesquisadores chineses e canadenses estudam dados do Bicep2 para fortalecer a descoberta.
De acordo com dados coletados, em março, do Bicep2 - telescópio localizado na Antártida que visa medir e estudar a polarização da radiação cósmica -, existem evidências de que existiram acontecimentos anteriores ao Big Bang. O estudo foi publicado na revista Physical Review Letters.
A teoria muda a concepção de que o Big Bang seria o ponto inicial do Universo, transformando-a em um colapso derivado de atividades anteriores. Essa teoria já vinha sendo estudada pelo cientista Martin Bojowald, da Universidade Estadual da Pensilvânia desde 2007 e agora foi reforçada pelas novas descobertas.
A teoria é baseada em algo conhecido como ‘gravidade quântica em looping (LGQ)’, que nada mais é que uma maneira de unificar a mecânica quântica e a relatividade, tendo como base a manifestação do efeito gravitacional sobre o Universo. Afirma-se que podemos analisar o Universo como um tecido de malha, formando uma estrutura atômica linear, assim como a matéria. Tomando isso como base, de acordo com o LQG, o Universo poderia se tornar mais ou menos denso, em uma espécie de cadeia. Portanto, um colapso seria o natural, se ele se expandisse naturalmente ao atingir um determinado tamanho. Esse processo, conhecido como ‘inflação’, foi justamente a evidência encontrada pelo Bicep2.
Com base na descoberta, o Big Bang não seria da mesma forma que o conhecemos, como se o Universo houvesse começado como uma singularidade, e sim, como se antes do acontecimento em questão, tivesse acontecido a contração do Universo até chegar em seu menor tamanho possível, e, logo em seguida, uma grande expansão. Para chegar nessa análise, foi preciso detectar o que aconteceu no primeiro bilionésimo de trilionésimo de trilionésimo de trilionésimo de segundo após o Big Bang, que seria o exato momento da inflação cósmica.
Essa inflação cósmica intensa criaria ondulações no espaço-tempo conhecidas como ‘ondas gravitacionais’, essenciais para se descobrir a origem do Universo.
Honestamente, é inacreditável”, disse o Professor Peter Ade, que ajudou a construir o instrumento que detectou as ondas, em entrevista ao Daily Mail. Apesar do entusiasmo do cientista, ele prega cautela, já que ainda se trata de uma teoria. Os cientistas continuarão estudando as descobertas do Bicep2 e de outros telescópios para comprovar ou não essa nova explicação da origem do Universo.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Mensagem ao filho

Gabriel,
Sou sua mãe e não sou feliz o tempo inteiro. Estou com isso entalado na garganta faz um tempo. As mães não são felizes em tempo integral. Não são seres supremos que não se abalam. Elas são um monte de outras coisas que não só mães.
Preciso te dizer isso, porque quando eu era criança eu achava que devia trazer a felicidade ao mundo. Achava que minha mãe, o ser principal do meu mundo, não devia se entristecer e encarava este como um dos meus deveres. Mas ela se entristecia. E mesmo eu, depois que você chegou na minha vida, continuo me entristecendo de vez em quando. O fantástico disso tudo é que não faz parte dos deveres dos filhos não permitir que isso aconteça, faz parte dos direitos das mães se permitir isso.
Portanto, tá aí a grande verdade: eu não sou feliz o tempo inteiro. Tem dias que acordo e quero ficar na cama. Não acho graça de todas as piadas. As vezes sinto que estou errando mais do que acertando. Em alguns momentos penso se fiz as escolhas corretas. Mas nada, absolutamente nada disso coloca em cheque o meu amor e realização por ter você na minha vida. Eu te amo e talvez seja isso um dos fatos que me tornam tão humana.
Não quero que você cresça achando que a felicidade é algo contínuo e permanente. Não quero que você cresça pensando que se permitir entristecer significa uma aceitação da infelicidade, ou atestado de qualquer outra coisa. A felicidade não está em lugar nenhum. Está aqui dentro de mim e de você. Felicidade está nos pequenos momentos. E para mim está em dormir barriga com barriga com você, está em subir no palco, comer pizza ou fazer bolinhos. Nunca se esqueça disso: a minha felicidade está em mim e por favor deixa-a continuar. Você não é o responsável por ela, por mais que suas ações tenham grande influência em mim, eu estou aqui dizendo para você que não tenho nenhuma expectativa de ser feliz o tempo todo. Eu ainda quero poder chorar. Eu ainda tenho medo e sonhos. Eu não sei todas as respostas e saber que nunca vou saber, por vezes me assusta.
Ser mãe me fez feliz, e me faz, e muito. Mas às vezes estou bem cansada e só quero um bom banho e dormir. E adivinhe só, você pode dormir tranquilo, seguir sua vida sem nenhum tipo de responsabilidade por isso. Porque você e eu somos indivíduos diferentes. Porque você é livre para sentir. E eu também.
Façamos um acordo: nos amamos muito, temos muito alegria e gratidão pelo nosso encontro nesta vida, mas as nossas vidas não se resume só a nós dois. E que bom que seja assim, meu amor!

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Falando de amor

Aconteceu mais ou menos assim:
Ele estava dormindo a algum tempo, e começou a dar sinais que acordaria em breve. Reclamou enquanto dormia. Fui até ele e disse baixinho que eu estava ali. Para ele a minha presença sempre parece ser significativa. Ele sorriu enquanto dormia. Colocou a mão no meu pescoço e me puxou de uma só vez na sua direção. E disse tão claro e tão forte que minha alma se iluminou.
- Eu te amo!
Não bastando, levou meu rosto ao seu e me encheu de beijos. Foram muitos. Deitou ao meu lado e fingiu roncar no meio de um sorriso.
Foi assim, numa tarde de chuva, que meu filho falou de amor pela primeira vez sem pedir licença.
Foi assim, que eu me senti a mais amada, a mais sortuda, a mais feliz das mulheres.
E chorei baixinho porque é alegria demais sentir esse amor.