domingo, 30 de outubro de 2011

Hospital confirma que Lula está com câncer na laringe.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou exames neste sábado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, tendo sido diagnosticado um tumor localizado de laringe. Segundo o hospital, após avaliação multidisciplinar, foi definido tratamento inicial com quimioterapia, que será iniciado nos próximos dias, informa a Folha de S. Paulo.

“O paciente encontra-se bem e deverá realizar o tratamento em caráter ambulatorial”, diz nota do Sírio-Libanês.

Segundo o oncologista Artur Katz, que está na equipe médica que atende o ex-presidente, o estado dele é “muito bom”. “Ele está em ótimo estado geral.”

Katz disse que o tumor “não muito grande” foi descoberto na manhã de hoje.

“Deseja-se que ele possa levar uma vida normal em quantidade e qualidade, após o tratamento”, disse o médico.

A equipe preferiu a quimioterapia à cirurgia, “para preservar as funções da laringe”.

Segundo o médico, uma das causas importantes para o câncer na laringe é o fumo. Mas também existem causas virais e não é possível ainda dizer o que levou ao desenvolvimento do tumor de Lula.

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LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DO HOSPITAL

“O Ex-Presidente da República, Sr. Luís Inácio Lula da Silva realizou exames no dia de hoje no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, tendo sido diagnosticado um tumor localizado de laringe.

Após avaliação multidisciplinar, foi definido tratamento inicial com quimioterapia, que será iniciado nos próximos dias. O paciente encontra-se bem e deverá realizar o tratamento em caráter ambulatorial.

A equipe médica que assiste o Ex-Presidente é coordenada pelos Profs. Drs. Roberto Kalil Filho, Paulo Hoff, Artur Katz, Luiz Paulo Kowalski, Gilberto Castro e Rubens V. de Brito Neto.”

sábado, 29 de outubro de 2011

Supremo vai julgar a Lei da Ficha Limpa pela quarta vez?

Pedro do Coutto

O ministro Cezar Peluso, presidente do STF, afirmou que vai agir para a Corte apreciar, o mais rápido possível, a constitucionalidade da Lei de Ficha Limpa e definir se ela vale para as eleições municipais de 2012. Não disse, mas deve ter se referido a uma decisão final, pois a matéria já foi julgada três vezes pelo Supremo.

Reportagem de Carolina Brígido,O Globo de quarta-feira 26, focaliza o tema. A foto que acompanha o texto é de Ailton Freitas. Peluso acentuou que decidiu não mais esperar que a presidente Dilma Rousseff nomeie a ministra que vai substituir Ellen Grace e sim colocá-la na pauta para uma resolução definitiva. Ele, a meu ver, já deveria, isso sim, ter editado uma súmula esclarecendo tudo. Não há necessidade de levar assunto, superado pelos fatos, novamente ao plenário.

Vejamos a cronologia da novela. O Congresso Nacional aprova por unanimidade o projeto de iniciativa de 1 milhão e 800 mil eleitores, e o presidente Lula sanciona sem vetos. Candidatos de ficha não limpa são impedidos de concorrer por iniciativa do Ministério Público através de impugnação. Esta impugnação, aceita por Tribunais regionais Eleitorais, foi confirmada pelo TSE, presidido pelo ministro Ricardo Levandowsky, também integrante do STF.

Atingidos recorrem ao Supremo. O que acontece? O primeiro julgamento termina em 5 a 5, pois Eros Grao se aposentou. Qual a essência do processo? Os autores do recurso, para derrubar a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, necessitavam maioria de votos na Corte Suprema. Houve empate, portanto não alcançaram o quorum. Peluso recusou-se a dar o voto de minerva.

Qual deveria ter sido pronunciamento ao encerrar a sessão? Apenas isso: cinco votos a favor, cinco contra, os recursos foram rejeitados. Mas não agiu assim. Convocou novo julgamento, aguardando o décimo primeiro juiz. Luiz Fux custou a ser nomeado. No intervalo, novos recursos. Novo julgamento, o segundo. O empate permanece. Então, o ministro Celso Melo propõe que prevaleça a decisão do TSE. Tal caminho é aprovado por sete votos a três.

Terminou o espetáculo? Nada disso. Assume o ministro Luiz Fux e o tema retorna. Ele empata. Baseia-se no artigo 16 da Constituição federal que prevê a entrada em vigor de qualquer mudança na legislação eleitoral um ano após sua aprovação. Não se sabe como candidatos que tiveram registro negado pelo TSE, caso de Paulo Maluf, conseguiram que seus votos fossem computados. A decisão foi no sentido de a Lei de Ficha Limpa valer – é claro – para 2012. O problema da constitucionalidade, quanto a data, fora ultrapassado. Mas não.

O problema volta agora pela quarta vez. Desta feita para saber se os fatos que mancharam o caráter de candidatos, antes da lei de 2010, devem ser considerados para 2012. Obstáculos aparecem de degrau em degrau, numa sequência que se alonga como as novelas da Rede Globo. Incrível que se perca tanto tempo com uma questão tão simples e sobretudo já elucidada. A ficha limpa, antes de qualquer coisa, é uma obrigação de todos os candidatos. De todas as pessoas que exercem funções públicas, acrescente-se.

X X X X X X

Um outro assunto.No dia 24 publiquei artigo, e no dia 24 carta no Valor, sustentando que, através do Rioprevidência, o governo do RJ, com recursos dos royalties do petróleo pagar dívida com a União e custear a folha de aposentados e pensionistas era ilegal. A assessora de Governança Corporativa, Nathália de Oliveira, publicou carta no Valor, edição de 26, citando a lei 10195/2001 e dizendo que eu me enganara. Me baseei na lei 8001 de 90. Ela tem razão quanto ao primeiro caso, está no artigo 8º da última lei. Quanto a pagar inativos, o texto de 10195 diz que os recursos dos royalties podem capitalizar fundos de previdência. Diferente do que pagar aposentados. Capitalizados, os Fundos de Aposentadoria complementar das Empresas Estatais, por exemplo, financiaram as privatizações da Vale, da CSN, da Embraer, da Light. Fica o registro.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Se necessário, outras cabeças vão rolar

Carlos Chagas

Previsão não há, da queda de mais ministros, pelo menos até a reforma anunciada para janeiro. Mesmo assim, tudo dependerá do aparecimento de denúncias referentes a ministros e ministérios. Caso surjam, se evidenciadas, não se duvida de que a vassoura e o rodo continuarão sendo utilizados. É essa a disposição da presidente Dilma Rousseff, claro que não o seu desejo.

Apesar da postura cautelosa mantida por ela diante de cada acusação a seus auxiliares, sempre manifestando primeiro a confiança de que conseguirão provar inocência, a verdade é que ninguém foi poupado, até agora. De Antônio Palocci a Alfredo Nascimento, Wagner Rossi, Pedro Novais e Orlando Silva, todos perceberam que se não pedissem demissão, seriam demitidos. Até Nelson Jobim, sem a sombra da corrupção envolver sua dispensa, viu-se submetido à mesma opção. Sair ou ser saído. O resto são especulações.

De concreto, mesmo, ouve-se que a reforma parcial do ministério será pautada por um objetivo: obter mais eficiência da equipe, afastando as imposições feitas pelos partidos e grupos da base parlamentar oficial. Na posse, não deu para a presidente livrar-se de indicações, muitas vezes feitas sem cuidados com a competência e até a probidade dos indicados. Agora, mesmo mantendo o critério da representatividade dos partidos, caberá a ela selecionar os melhores. Se necessário, até, passando por cima dos interesses das cúpulas partidárias. Além de desfazer a impressão da existência de feudos no ministério.

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ALEGAÇÃO INSUFICIENTE

Não adiantou o ex-ministro Orlando Silva basear sua defesa na alegação da inexistência de provas contra ele. Trata-se de um fórmula desgastada pelo tempo, utilizada por culpados e inocentes. Até Al Capone sustentava que o FBI carecia de provas para condená-lo como chefe do crime organizado, e era verdade, pois acabou preso por burlar o imposto de renda. Outra saída inepta tem sido substituir denúncias pela tal “agenda positiva”. Não dá para tapar um buraco imenso com um dedal de areia. Evidência disso foi a última ida de Orlando Silva à Câmara. Abordaria a Lei da Copa, mas não recebeu uma só pergunta a respeito. Todas as intervenções referiram-se às acusações de corrupção nos Esportes.

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BASTA A COMISSÃO DA VERDADE

Pequeno grupo de deputados, com Luiza Erundina à frente, pretende apresentar projeto de lei revogando a anistia de 1979 e permitindo que sejam processados e punidos os responsáveis por crimes contra os direitos humanos praticados durante o regime militar. A aprovação da Comissão da Verdade, esta semana, seria a senha para a iniciativa. Depois da identificação dos torturadores, sua responsabilização.

Com todo o respeito, mas não deveriam estar reabrindo velhas feridas. Primeiro, porque para muitos juristas, a anistia é irrevogável. Depois, porque se o projeto virar lei, logo virá o reverso da medalha, ou seja, propostas de punição também para o outro lado, atingindo quantos mataram, sequestraram e assaltaram durante aqueles ano de chumbo.

Por coincidência o Uruguai acaba de aprovar lei parecida com a que a Argentina aprovou décadas atrás, permitindo processar e prender os militares responsáveis pelas ditaduras no passado vigentes naqueles dois países. São concepções distintas da política adotada pelo Brasil, que até agora tem dado certo.

Identificar, sim, através da Comissão da Verdade, inclusive abrangendo os dois lados. Mas punir, mandar para a cadeia, pode dar confusão. Ou a presidente Dilma não… (cala-te, boca!)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O ministro Orlando Silva enfim joga a toalha. Já vai tarde.

Carlos Newton

Se estivéssemos na Inglaterra, onde se aposta em praticamente tudo, a demissão do ministro do Esporte, Orlando Silva, seria um dos temas de maior destaque. Com mais apostas do que as corridas de cavalo.

A estratégia do Planalto era buscar “uma saída honrosa”, ou seja, o próprio Orlando Silva pediria demissão, alegando que deixava o governo para poder se defender com mais liberdade. Esse seria o melhor argumento para o ministro entregar o cargo, na reunião de sexta-feira passada com a presidente Dilma Rousseff.

Mas o ex-presidente Lula entrou no circuito, como já fizera nos outros casos de corrupção envolvendo ministros, e a estratégia do Planalto foi para o espaço. Lula mandou Orlando Silva ficar e o PCdoB lutar por ele. A presidente Dilma obedeceu, e o partido do ministro, também. Traduzindo: não haveria mais saída honrosa. Apenas o desgaste progressivo, desmoralizando o ministro e o próprio governo Lula Rousseff.

Terça-feira, no fim da tarde, o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, foi chamado ao Planalto para analisar a crise. Logo depois, encontrou-se com o líder do partido, deputado Osmar Junior (PI), e o próprio Orlando Silva. Depois, todos participaram de uma reunião da bancada, que aguarda um desfecho para a crise que já dura mais de dez dias. Mas o ministro ainda tentou resistir.

Mas no núcleo do governo e entre líderes da base governista no Congresso, a demissão do ministro já era considerada mais do que decidida. Como diz o senador Magno Malta (PR-ES), que é da base aliada, “o corpo já está embalsamado, só falta enterrar, e Dilma quer velar mais um pouco por causa da relação de amizade com o defunto”. Simples assim.

Agora de manhã, o ministro jogou a toalha, para alívio do Planalto. Espera-se que seja substituído por alguma pessoa decente.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Democracia à brasileira, com um ex-presidente que se recusa a deixar o poder e uma presidente que se recusa a exercer o poder.

Carlos Newton

Acho que todos têm curiosidade e gostariam de assistir ou ouvir o próximo diálogo entre o ex-presidente Lula e a atual presidente Dilma Rousseff, a respeito da situação do ministro do Esporte, Orlando Dias, que está exatamente igual ao antigo programa humorístico da Rádio NacionaL: “Balança…, balança…, mas não cai”.

Ontem, em mais um eletrizante capítulo dessa novela político-administrativa, o milionário policial militar João Dias Ferreira compareceu à Polícia Federal em Brasília, para entregar os áudios de uma conversa que teve com funcionários do alto escalão do Ministério do Esporte em abril do ano passado.

Nesse emocionante encontro, Fábio Hansen, então chefe de gabinete da Secretaria de Esporte Educacional (responsável pelo fraudado programa Segundo Tempo), e Charles Rocha, na época chefe de gabinete da Secretaria Executiva do ministério, orientam João Dias sobre como se livrar das acusações de desvio de verbas públicas repassadas pela pasta.

Como se sabe, as ONGs do policial são acusadas de desviar R$ 3,2 milhões do ministério, e João Dias Ferreira, ex-militante do PCdoB, é o delator do esquema de corrupção no Ministério do Esporte envolvendo o ministro Orlando Silva.

(A imprensa o chama de PM, mas é dificil acreditar que um homem que ficou milionário como ele, às custas da corrupção, continue envergando a farda, na ativa. Se continua, deve estar, no mínimo, licenciado. Afinal, não veste farda, não fica de serviço, está sempre à paisana. Que PM é esse, Francelino? Por Zeus, nos responda!)

Pois o tal PM (?) milionário acusa Orlando Silva de desviar recursos do programa Segundo Tempo por meio de ONGs de fachada. Segundo o policial (?), funcionava uma central de propina no ministério, com o fim de arrecadar recursos para o PCdoB.

O tal PM (?) diz ainda ter mantido diversos encontros informais com o ministro do Esporte, seu correligionário, amigo de fé e camarada (como se tratam os filiados ao PCdoB, acreditem se quiser).

Orlando Silva, é claro, solta a voz e nega as acusações, desafiando o policial (?) a apresentar provas. Pois é exatamente isso que João Dias Ferreira vem fazendo, mas a contagotas, devagarinho, submetendo o ministro a uma espécie de tortura chinesa.

Com as novas denúncias, será que o ex-presidente Lula ainda vai insistir, obrigando (a palavra é exatamente esta) a presidente Dilma Rousseff a manter esse ministro trapalhão e corrupto, que desmoraliza os comunistas brasileiros?

O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, já sinalizou que Orlando Silva será demitido por Dilma Rousseff, ao declarar que a situação ainda não está decidida. Mas e Lula? O que dirá ao ligar ou se encontrar de novo com a presidente?

É uma situação verdadeiramente patética, com um ex-presidente que se recusa a deixar o poder e uma presidente que se recusa a exercer o poder. Parece peça de ficção, mas é a realidade, que jamais na historia deste país nenhum ficcionista ousaria criar.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Lula usa Orlando Silva para afirmar que será candidato em 2014

Pedro do Coutto

Ao interferir de forma ilegítima para tentar manter o ministro Orlando Silva no cargo , afinal ele não é o chefe do executivo, e sim a presidente Dilma Rousseff, Lula aproveitou o episódio para anunciar que será candidato em 2014. Conclamou o PCdoB a resistir para que o titular do esporte no fique no cargo. Incrível.

Reportagem excelente de Luiza Damé, Chico de Gois, Gerson Camarotti e Maria Lima, manchete principal de O Globo de sábado, 22, focalizou tanto a investida e a concordância (temporária) de Dilma. Acompanha a matéria foto de Gustavo Miranda focalizando o momento em que, no Planalto, em entrevista, Orlando Silva anunciava ter passado do segundo tempo para a prorrogação.

Não sei por que, se a entrevista foi coletiva, só O Globo publicou o fato. Acontece. O imprevisto, que deu força à reportagem, realçando sobretudo sua importância política, não foi somente Orlando Silva não submergir no lago de Brasília, mas Lula emergir no cenário e, praticamente, antecipar que será ele, e não Dilma, o candidato do PT à sucessão presidencial de 2014. Sem dúvida. Não fosse isso, ele não teria incentivado abertamente o Partido Comunista do Brasil – que de comunista não tem nada – a resistir. Resistir a quem? Resistir a quê? Neste segundo caso à tempestade de denúncias. No primeiro, evidentemente à própria presidente da República.

Não se entende a atitude. A maior figura do PT incentivando um dos partidos da coligação a enfrentar uma decisão da governante do próprio Partido dos Trabalhadores. A contradição é indiscutível.Lula, com seu posicionamento abriu uma dissidência, um divisor de águas. Passou a existir um PT de Lula e outro PT de Dilma? Não dá. Não tem o menor cabimento.

A explicação só pode ser encontrada no caminho das urnas de 2014. Isso de um lado. Mas de outro causa o enfraquecimento do atual governo. Pois se alguém, afastado do palco central, entra em cena e consegue inverter uma decisão já sinalizada na tarde de sexta-feira, quando a presidente deixava escapar que convidada Orlando Silva a pedir demissão, é porque politicamente se configura uma situação de dependência entre o eleitor e a eleita.

Pelo que conheço de política, não deve ter sido fácil o diálogo entre Lula e Dilma. Tampouco será fácil, ninguém pense o contrário, a permanência efetiva de Orlando Silva. Uma questão de autoridade encontra-se em jogo. Porque será eternamente um desempenho solitário de quem está com a caneta na mão. Os exemplos ao longo da história são múltiplos. O mais recente o do ministro Golbery do Couto e Silva. O presidente Ernesto Geisel , depois de escolher João Figueiredo para sucedê-lo no crepúsculo da ditadura, conseguiu sua permanência na chefia da Casa Civil, certo de que controlaria o Palácio do Planalto. Ledo engano, como costuma dizer Carlos Heitor Cony: pouco mais de um ano depois, era afastado do cargo.

Assim, Lula erra o cálculo de forçar uma divisão das decisões presidenciais. Dilma errará se aceitá-la. Por essas e outras, é de se pensar que a prorrogação da permanência de Orlando Silva nas reuniões ministeriais será curta. Não há clima para sua participação, inclusive com a notícia, divulgada pela Folha de São Paulo também a 22, de que a FIFA o afastou do diálogo em torno da realização da Copa das Confederações de 2013, e da Copa do Mundo, 2014. Por uma coincidência do destino, ano das próximas eleições presidenciais no Brasil.

A manutenção de Orlando Silva, por sinal, dá ânimo à oposições se o candidato for Aécio Neves. E isso nem Dilma nem Lula desejam.

domingo, 23 de outubro de 2011

Carlos Lacerda e a ética jornalística

José Carlos Werneck

RH Souza escreveu em sua página na Internet, intitulada, “Scripta e Virtual – O blog da cultura e do conhecimento”, a seguinte história ocorrida com Carlos Lacerda,quando era proprietário da Tribuna da Imprensa e que mostra um pouco da personalidade polêmica do jornalista e político, que admirado por muitos e atacado por outros tantos, indubitavelmente é personagem obrigatório quando se trata da política brasileira de 1930 até sua prematura morte em 1977, aos 63 anos de idade.

“Carlos Lacerda, cuja impetuosidade política às vezes passava dos limites, era um jornalista de uma ética profissional a toda a prova. Conheci um colaborador da Tribuna da Imprensa, Luiz Lima (já falecido), que me narrou o seguinte episódio: Luiz Lima era o gerente de publicidade da Tribuna da Imprensa e, em certo momento, foi chamado a São Paulo por um grupo de empresários que lhe fez a seguinte proposta: queriam que Carlos Lacerda escrevesse três artigos sobre a indústria do petróleo, artigos de acordo com a linha editorial do jornal e, em troca, fariam uma substancial contribuição financeira à Tribuna da Imprensa que, naquele momento, passava por sérias dificuldades de caixa. Luiz Lima voltou feliz ao Rio de Janeiro, entrou na sala de Carlos Lacerda e falou:

- Carlos, tenho excelentes notícias que vão aliviar a nossa atual falta de dinheiro…

Lacerda ouviu o colaborador com muita atenção e, no final, concluiu:

- Luiz, acho que você não me conhece bem… a minha pena não está à venda…

- Eles não querem nada de mais. Só querem que você escreva três artigos dentro da linha editorial do jornal. Isso não vai comprometer o seu bom nome.

- Então, que façam anúncios na Tribuna…

- Não, eles querem é a sua opinião, os seus argumentos… Consideram anúncios, no caso presente, como sermão encomendado.

- Luiz, já lhe disse que minha pena não está à venda. Considere o assunto encerrado.

Luiz Lima saiu da sala e ligou para São Paulo informando os empresários da negativa do jornalista e passou a admirar Carlos Lacerda pelo seu padrão de ética jornalística que ele nem sempre encontrara em outros profissionais com quem trabalhara.

Depois do movimento militar de 1964, quando Carlos Lacerda percebeu que o país estava entrando pelo caminho perigoso da ditadura, tentou um movimento de resistência, chamado de Frente Ampla, unindo-se a Juscelino e a João Goulart, mas o movimento acabou sendo abortado pelos militares. Os três líderes do movimento acabaram morrendo em circunstâncias até hoje não esclarecidas.

Conselhos privados viraram públicos

Carlos Chagas

Parece intriga. E é, restando saber quem a espalhou e a quem interessou. Fala-se da versão que ganhou a imprensa, ontem, sobre ter estado a presidente Dilma disposta a pedir a exoneração de Orlando Silva, mudando de idéia depois de o ex-presidente Lula recomendar ao ministro do Turismo para não se demitir e ao PC do B para resistir. Quando desembarcou da África, Dilma reafirmou que confiava em que Orlando se defenderia e que continuava a manter sua confiança. Não foi o antecessor, portanto, responsável pela decisão da sucessora.

O que não dá para entender é como os conselhos do Lula, certamente dados em particular, tornaram-se públicos em menos de 24 horas. O ministro não foi o inconfidente, ainda que depois confirmasse o telefonema. Talvez o grupo do PCdoB, ávido de ocupar o ministério, porque a hipótese confirma a tese de que quanto menor um partido político, maiores suas disputas internas. Quem sabe companheiros do PT, de olho num ministério que valia pouco, transformado agora em jóia da coroa por conta da Copa do Mundo e das Olimpíadas?

De qualquer forma, seria bom o ex-presidente tomar cuidado. São muitas as correntes a evoluir em torno do governo, algumas inconformadas com a forma de governar da presidente, sempre inflando o ego do Lula para levá-lo a candidatar-se em 2014. Não se trata apenas de gente do PT. No PMDB, por exemplo, não são poucos os que aspiram pelo retorno do primeiro-companheiro, bem mais complacente na arte de nomear e de acomodar interesses.

Quanto ao próprio, quer dizer, o Lula, deveria tomar mais cuidado. De sua influência viraram ou continuaram ministros Antônio Palocci, Alfredo Nascimento, Wagner Rossi, Nelson Jobim e Pedro Novais – todos levados a demitir-se em condições no mínimo constrangedoras. Orlando Silva também integrou a quota dos salvados do governo anterior.

sábado, 22 de outubro de 2011

Os royalties e o futuro sombrio para o Rio de Janeiro e o Espírito Santo

Milton Corrêa da Costa

A aprovação pelo Senado Federal, na quarta-feira, do texto do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) que redivide as receitas da exploração de campos de petróleo, incluindo áreas já licitadas, numa afronta aos mais basilares princípios constitucionais num estado democrático de direito, assusta e deixa apreensiva toda a população fluminense e capixaba deixando em pânico, mais ainda, dezenas de milhares de aposentados de tais Estados e seus municípios, cuja sobrevivência futura passa a ficar seriamente ameaçada.

Foi um ato impensado de agressão à Constituição Brasileira e um autêntico assalto aos cofres públicos de estados federados, comprometendo gravemente a economia do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.

Caso o projeto seja aprovado na Câmara e não vetado em seguida pela presidente Dilma Rousseff, a perda de receitas será de tal ordem que fica comprometido, além de investimentos para a Copa de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, conforme preocupantes declarações do governador Sérgio Cabral, o próprio funcionamento do Estado, inclusive os salários de aposentados e pensionistas.

O RioPrevidência, que depende fundamentalmente de aporte financeiro das receitas da exploração do petróleo, não teria como honrar os salários de aposentados e pensionistas. Isso é fato real que tem que ser levado em conta.

O direito adquirido, num estado democrático de direito, sofreu, pois, um duro e vergonhoso golpe. O Espírito Santo, outro principal produtor de petróleo, também quebrará fragorosamente. Não há dúvida. Os números não mentem. As perdas para os cofres fluminense e capixaba são estimadas em R$ 4,3 bilhões em 2012. Chegando a 7,5 bilhões sete anos depois.

Está agora nas mãos dos deputados federais e depois na decisão da presidente Dilma os destinos de dois estados com cerca de 25 milhões de habitantes. Posteriormente, só restará a via judicial na alegação da inconstitucionalidade plena do projeto. Como disse o governador Sérgio Cabral, a proposta é indecente, indecorosa e irresponsável.

Os Estados produtores e os municípios, caso se confirme tal absurdo, terão uma queda brutal de arrecadação como visto, porém continuarão, em sua área administrativa, com suas despesas de custeio e de pessoal. Como pagar, como no caso do Estado do rio de Janeiro e ainda pensar em reajustar o salário de seus 420 mil servidores, ativos e inativos, onde a folha de despesa de pessoal chega a R$ I bilhão? Como ficarão a saúde, a educação, o saneamento básico, a administração penitenciária e a área de segurança pública, inclusive com com a necessária continuação do projeto das UPPs, missões indispensáveis ao funcionamento do estado e à paz social?

E o comércio? Como se sustentará para pagar impostos com a queda consequente das vendas quando salários de milhares de servidores estarão comprometidos?

O certo é que não dá pra dizer aos servidores aposentados que este mês não haverá salários ou que na escola X não haverá aula por falta de pagamento aos professores ou por falta de merenda escolar. Como abastecer as viaturas policiais sem dinheiro? E os médicos? Comparecerão aos plantões dos hospitais público com salários em atraso? E o sistema penitenciário? Como dizer à população carcerária que naquele dia não haverá alimentação por falta de pagamento de faturas ao fornecedor? E o RioPrevidência? Como sobreviverá para pagar o salário de milhares de inativos de pensionistas?

A decisão do Senado em Brasília coloca perigosamente em risco dois estados-membros da federação e mais de uma centena de municípios onde não mais haverá recursos para investimentos e consequente crescimento. Há, no entanto, ainda a possibilidade de deputados federais, num primeiro estágio, depois a presidente da República, com o veto, e por último a Justiça, para reverter tais sombrias e imprevisíveis consequências.

Um estado-membro não pode quebrar, tornando inviável a sua vida administrativa e colocando inclusive em risco a ordem pública e a ordem institucional. Que Deus ilumine as cabeças pensantes deste país, com poder de decisão, antes que o caos se estabeleça em dois estados federados. O bom senso deve prevalecer acima de tudo. Tal decisão deve ser, sobretudo, suprapartidária e sem regionalismos. Está sob grave risco a vida futura de milhões de seres humanos de dois estados federados.

(Milton Corrêa da Costa é coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Nova confusão na área do MEC: desta vez no local da prova do ENEM

Pedro do Coutto

Realmente ocorre algo estranho no universo do ministério da Educação. Primeiro, foram os erros de concordância na cartilha que se presume recolhida. Segundo. foi a tabuada com divisões e multiplicações erradas. A revisão não pode deixar de ter sido refeita. Envolvia até questões de troco em dinheiro. Agora, reportagem de Lauro Neto, O Globo de quarta-feira 19, aponta informação incorreta quanto ao local da prova do ENEM na cidade do Rio de janeiro.

O cartão de confirmação, remetido pelo Correio, apontava Av. Pasteur 296. Mas aí entrou em ação o telefone: em vez de 286, o endereço informado é Pasteur 436. Impressionante a sequência dos erros na esfera do Ministério que desenvolve a Educação no país e, portanto, deveria possuir melhor sistema de informação. Uma coisa não existe sem a outra. O endereço errado pode, inclusive, acarretar uma série de problemas facilmente evitáveis.

Não foram evitados, como se constata da reportagem de O Globo.Mas o que chama mais atenção é um detalhe existente numa – digamos assim – sombra no texto da matéria. Necessário iluminá-lo. Lauro Netto revela que foi montado um consórcio para aplicar o ENEM, a partir da Fundação Cesgranrio. Consórcio? Contrato? Mas a Cesgranrio não pode realizar sozinha as provas? No passado era assim. Porque a pluralidade? Não Possui explicação aparente. Há necessidade de sigilo. O que nem sempre aconteceu.

Uma vez, há cerca de 15 anos, ele foi rompido. Explodiu um escândalo, estudantes sabiam o teor das provas. Mas daí a ser montado um consórcio vai grande diferença. Inclusive, quanto mais pessoas envolvidas – claro – maior é a possibilidade da ruptura do segredo indispensável.

Indispensável mas que vem sendo dispensado em grande número de concursos públicos por aí. Até na magistratura, há cerca de dois anos, verificaram-se coincidências à base de parentesco difíceis de atender. Mais ainda de explicar, sobretudo provar. Se tudo anda sendo fraudado no país, por qual motivo os concursos públicos deixariam de ser? É possível, mas não é provável.

Aliás, por falar em concursos para a administração federal, encontram-se eles suspensos desde o início do governo Dilma Roussef. É curioso isso. Mas existem funcionando cursos preparatórios. Geralmente montados e coordenados por antigos funcionários dos órgãos públicos e de empresas estatais. Os anúncios fornecem a ilusão de que os professores são simultaneamente os selecionadores dos candidatos.

Todos os classificados para o número de vagas existentes são os aprovados. Porém, é lógico, nem todos os aprovados são classificados. Surge, então, o banco de reserva, válido, conforme a CF, pelo prazo de dois anos. Vencido este prazo, novo concurso. Inscrevem-se geralmente 50 mil pessoas a 50 reais cada inscrição. Um concurso portanto significa uma receita de 2,5 milhões de reais. Seu custo, na prática, não chega à metade. Mas o problema não é só esse: se concurso fosse a melhor maneira de selecionar, as empresas provadas adotariam a norma. Não há uma que proceda dessa forma. No caso do acesso à universidade, de fundamental importância para o aperfeiçoamento da soiedade, e a evolução do país, o critério não deve ser uma prova isolada. E sim o desempenho dos alunos na rede de ensino através dos anos letivos. Este processo representa um sistema. A prova. um tipo de loteria. Às vezes manipulada.

(Transcrito da Tribuna da Imprensa)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Uma nação corrompida

Carlos Chagas


Importa menos se João Dias for um bandido que inventa e acusa sem provas ou se Orlando Silva vem sendo vítima de um complô entre a Fifa e Ricardo Teixeira, por conta da Copa do Mundo. A verdade é que não dá mais para o ministro permanecer. Seu desgaste pessoal só não é maior do que o desgaste do governo. Da lambança restrita ao choque com o ex-policial, salta aos olhos o abuso que vem marcando o conluio existente entre o poder público e montes de ONGs fajutas e criminosas. Porque a farra não se limita ao ministério dos Esportes, como antes não se circunscrevia ao ministério do Turismo. A metástese generalizou-se, vinda do governo Fernando Henrique, passando pelo governo do Lula e mantendo-se no governo Dilma. Inocente ou culpado, Orlando Silva lidera o noticiário e sofre a indignação nacional diante desse expediente primário da criação de organizações-não governamentais feitas para mamar nas tetas do tesouro público e irrigar os caixas de partidos políticos, grupos próximos do poder, amiguinhos e até simples espertalhões empenhados em enriquecer.

Se há ONGs sérias, que prestam serviço à sociedade, seu número parece infinitamente menor do que as arapucas infiltradas na administração federal, estadual e municipal. Dizendo-se não-governamentais, transformaram-se em penduricalhos do governo, sempre prontas a molhar a mão e o bolso das autoridades encarregadas de facilitar-lhes o assalto.

Raros são os ministérios onde ONGs não são financiadas pela corrupção, existindo também os dedicados a falcatruas ainda maiores, através das empreiteiras. Quatro ministros já foram triturados nas engrenagens que agora espremem o titular dos Esportes, tornando-se uma questão de tempo saber quando será expelido. Melhor faria se evitasse o espetáculo encenado por Antônio Palocci, Pedro Novais, Wagner Rossi e Alfredo Nascimento, que resistiram inutilmente antes de mergulhar nas profundezas.

(Transcrito da Tribuna da Imprensa)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Novela da queda do ministro Orlando Silva está cada vez mais emocionante, embora tenha cenas explícitas de comédia-pastelão.

Carlos Newton

O milionário PM João Dias Ferreira já está inebriado com a fama súbita e começa a extrapolar. Depois de alegar motivos de saúde (pneumonia) para não comparecer à Polícia Federal na manhã de ontem e prestar depoimento sobre as denúncias contra o Ministério do Esporte e o titular da pasta, Orlando Silva, o ex-militante do PCdoB de repente ficou bem disposto e atendeu a um pedido da oposição para se reunir com integrantes do PSDB, DEM e PPS no gabinete da liderança dos tucanos.

Ficou feio, pegou mal esse comportamento de quem faz acusações tão graves. Apesar dessa ressalva, deve-se destacar que durante a reunião, segundo o deputado ACM Neto (DEM-BA), Ferreira teria apresentado denúncias consistentes contra o ministério. Essa informação foi levada pelo deputado à Comissão de Fiscalização Financeira e Turismo da Câmara, durante o depoimento do ministro Orlando Silva, mas não foi divulgado que acusações o policial teria feito.

“O depoimento dele é estarrecedor. Traz detalhes e informações que não constam da imprensa. Demonstram a existência de provas materiais inegáveis contra o ministro e todo seu ministério. Nós aqui hoje não faremos questionamento do ministro. Dissemos que era necessário primeiro saber das provas do delator, para depois ouvir o ministro. Quero sugerir que essa comissão possa aprovar de imediato um requerimento para o depoimento do senhor João Dias”, disse ACM Neto à Comissão, segundo relato da excelente repórter Adriana Vasconcelos, de O Globo.

O policial seria ouvido de manhã pela Polícia Federal, mas alegou que ele está com pneumonia. Contou também após a reunião que há dois anos vem recebendo ameaças de morte.

Pela manhã, o Senado rejeitou os convites ao PM João Dias Ferreira e ao ex-ministro do Esporte e atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, mas aprovou convite para ouvir Orlando Silva amanhã, às 14h. O ministro confirmou que irá à audiência conjunta das comissões do Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle; e de Educação, Cultura e Esporte. O convite foi proposto pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), do mesmo partido de Orlando Silva, que está um passo de ser demitido do cargo, sofrendo a mesma fritura imposta aos outros ministros recentemente afastados.

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BASE ALIADA FAZ PAPEL FEIO

Se o PM Ferreira procedeu mal ao deixar de prestar depoimento, preferindo se tratar com o pneumotórax político da reunião com os oposicionistas, a base aliada não ficou atrás. Os deputados governistas logo aproveitaram a debandada da oposição, cujos parlamentares preferiram ouvir o acusador do ministro. E a audiência pública conjunta da Câmara, convocada para ouvir o ministro do Esporte, Orlando Silva, somente serviu para tentar blindá-lo das acusações de corrupção.

Em quatro horas de depoimento, Orlando Silva praticamente não respondeu às denúncias publicadas pela revista “Veja” de que teria recebido suposta propina relacionada ao programa Segundo Tempo. A maior parte do tempo da sessão foi gasta com elogios e exortações de parlamentares do PCdoB e outros partidos governistas.

Que Congresso é esse? – perguntariam Francelino Pereira e Renato Russo, em uníssono. E ninguém responderia.

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ELOGIOS À ONG FRAUDADORA

O ministro Orlando Silva (Esporte) gravou uma participação na propaganda institucional da ONG Pra Frente Brasil, alvo de denúncias de desvio de recursos repassados pelo ministério.

Em um vídeo, gravado para divulgação, o ministro Orlando Silva diz que a instituição dirigida pela ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues, tem um “trabalho maravilhoso”. Segundo o ministro, a ONG trabalha “disseminando os valores para que a juventude tenha um futuro diferente”.

Segundo a Folha, diz ainda o ministro: “Aqui no Estado de São Paulo temos a Pra frente Brasil, uma ONG que a Karina dirige e que faz um trabalho maravilhoso, construindo parcerias com prefeituras e entidades privadas disseminando os valores para que a juventude tenha um futuro diferente. Muito obrigado, Pra Frente Brasil, obrigado Karina.”

De nada, nem precisava agradecer. A ex-jogadora Karina é que lhe deve agradecimentos pela generosidade, em função dos R$ 28 milhões recebidos nos últimos anos.

O vídeo foi encaminhado ontem ao gabinete do líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), de forma anônima. Não há registro de quando essa propaganda foi gravada.

(Transcrito da Tribuna da Imprensa)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Problema para o sucessor de Dilma

Carlos Chagas

ONGs e empreiteiras estão envolvidas nas denúncias de corrupção no governo, atingindo agora o ministério dos Esportes, como antes o ministério do Turismo, sem esquecer os Transportes, a Agricultura e até a Casa Civil. É a velha regra de não haver corruptos sem corruptores. O diabo está em que, apesar da defenestração de ministros e montes de funcionários, prevalece a impunidade relativa aos que superfaturaram obras, impuseram aditivos contratuais sem prestar os serviços contratados e distribuíram comissões e propinas, ficando com a maior parte dos recursos públicos.

A lógica e as evidências indicam a mesma prática em outros ministérios, ainda não denunciados, e em altos patamares da administração pública. Seria necessário atacar o mal pela raiz, ou seja, proibir toda e qualquer ONG de celebrar contratos com o governo. Ou não se intitulam entidades não-governamentais? Vão buscar dinheiro na iniciativa privada.

Ao mesmo tempo, cancelar a participação das empreiteiras flagradas em ilícitos e malfeitos na execução de obras e na prestação de serviços.

Só que tem um problema: se a presidente Dilma optasse por essas ações cirúrgicas, o país iria parar. Boa parte da economia é movida por esses dois pilares de sustentação das lambanças, obviamente que erigidos com o cimento da esperteza de partidos políticos, maus funcionários, grupos e quadrilhas encasteladas no poder. Numa palavra: sem a corrupção, viria de imediato a recessão.

Fazer o quê? Apelar para o Judiciário, aguardando a imediata apuração e punição de cada denúncia, seria sonhar acordado. Esperar que corruptos e corruptores abandonem suas práticas por medo da cadeia ou por arrependimento ético, outra ilusão. Arrancar do Legislativo profunda modificação nas leis, de modo a fechar as brechas por onde escoa a impunidade? Nem pensar.

Conclusão: Dilma precisa adotar a lição daquele velho Papa que ao ser abordado por um místico, informando haver o anti-Cristo nascido em Roma, perguntou que idade tinha o rebento. Ao saber que estaria com três anos, respondeu: “então não é problema meu, mas do meu sucessor…”

(Transcrito da Tribuna da Imprensa)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Royalties do petróleo: veto de Lula tem que ser mantido

Pedro do Coutto

Não existe articulação política possível, à luz da Constituição Federal, para se contornar a questão do destino dos royalties do petróleo. Não se trata de matéria de lei, mas sim de emenda à Carta de 88. Por isso, o veto aplicado pelo ex-presidente Lula ao projeto Pedro Simon-Ibsen Pinheiro (o primeiro, senador; o segundo, deputado) tem que ser mantido, para início de conversa. Os contratos já licitados têm que ser cumpridos, o governador Sérgio Cabral tem razão.

Os que vierem a ser, caso do Pre-Sal, é outro caso. Mesmo assim, entretanto, permanece a necessidade de emenda constitucional para modificar o critério.Isso porque o parágrafo primeiro do artigo 20 da CF e estabelece taxativamente a diferença entre estados e municípios produtores e os não produtores. Querer dividir a receita dos royalties por igual, sem mudar a Carta, é impraticável. A tentativa representa até uma subversão à ordem jurídica do país. Este é o princípio fundamental, inarredável.

Mantido o veto, então sim, pode-se iniciar um novo debate em torno da matéria e se encontrar uma fórmula de participação. Mais moderna, diga-se de passagem, já que a vigente hoje tem 23 anos.Foi inclusive complementada por uma das últimas – senão a última lei – assinada pelo presidente José Sarney em 13 de março de 90, dois dias antes de passar a faixa a Fernando Collor. Trata-se da lei 8001, que fixou os percentuais de distribuição: 45% aos estados, outros tantos aos municípios, 8% ao Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, 2% ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Esta lei pode ser alterada por outra, mudando o sistema de compensação financeira. Mas exclusivamente entre os municípios e estados produtores.

É indispensável que os legisladores e governadores leiam a Constituição e as leis antes de tomarem qualquer iniciativa para alterar o quadro jurídico do país. Caso contrário, é confusão em cima de confusão. Uma atrás da outra. A iniciativa de Pedro Simon e Ibsen Pinheiro está entre os exemplos.

A Coluna Panorama Político de O Globo, de 11 de outubro, com foto de André Coelho, aborda o assunto e a partir de uma outra ideia, esta do senador Vital do Rego, da Paraiba. Ele deseja carimbar os recursos do petróleo, determinando que os estados (esqueceu os municípios) apliquem 40% dos royalties em educação, 30% em saúde e saneamento, a parcela restante em segurança.

O jornalista Luis Fajardo me chamou atenção para o fato. Fajardo cita como exemplo o critério de distribuição dos recursos de compensação financeira pela utilização de recursos hídricos repassados às unidades estaduais e municipais pelas empresas elétricas, entre as quais Furnas, Chesf, Eletrosul, Eletronorte, além de Itaipu. Tais recursos, diz a legislação, não podem ser destinados a pagamento de pessoal ou para saldar dívidas. Somente na melhoria dos serviços públicos à população.

Neste ponto, o princípio defendido por Vital Rego e Luis Fajardo colide com o adotado pelo governador Sérgio Cabral, que utiliza os royalties para arcar com a folha de aposentados e pensionistas: mais de 6 bilhões de reais por ano. Mas esta é outra questão. O essencial é que mudar a participação proporcional nos royalties do petróleo, só emendando a Constituição. De outra forma é totalmente impossível.

(Transcrito da Tribuna da Imprensa)

domingo, 16 de outubro de 2011

Dilma edita decreto concedendo isenções à FIFA e excluindo CBF

Pedro do Coutto

Em decreto publicado no Diário Oficial de 13 de Outubro, da página 12 à 16, a presidente Dilma Roussef regulamenta as isenções tributárias concedidas à FIFA na Copa da Confederações e na Copa do Mundo de 2014, inclui a subsidiária que vier a ser constituída pela Federação Internacional no país, mas não estende as medidas fiscais à CBF. Apenas coloca a Confederação Brasileira de Futebol como uma peça simples na organização das competições, mas um degrau abaixo do Comitê Organizador Brasileiro. Este é presidido pelo ex-ministro Marcio Fortes.

A impressão deixada pelo decreto é que a presidente da República não deseja aproximação com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira. A presidente Dilma incluiu nas isenções tributárias o que o texto classifica como emissora fonte da FIFA, pessoa jurídica licenciada ou nomeada com base em relação contratual para produzir o conteúdo audiovisual dos eventos, com objetivo de distribuição no Brasil e no exterior para os detentores de direitos da mídia.

São incluídos também no esquema tributário os prestadores de serviços (da FIFA), os seus coordenadores na gestão de transporte, hospitalidade, acomodações e também relativamente aos estoques de ingressos. Abrange também pacotes de hospedagem, alimentação e estacionamento.

A concessão – item 15 do artigo 2 – é para os ingressos de qualquer tipo. O decreto é bem específico neste ponto.Dilma Roussef, de fato, estabeleceu praticamente exclusividade à FIFA em matéria de comercialização. Como o decreto não fala na questão da meia entrada para estudantes e idosos, pode-se considerar estar valendo a lei brasileira que garante a redução. Aliás, isso existe em todos os museus, espetáculos artísticos e esportivos nas principais cidades do mundo. No museu do Vaticano, no Coliseu de Roma, no Louvre, Museu do Prado em Madri. Não há restrição e estrangeiros. Em vários casos, como no meu, apenas não tive direito ao desconto, porque o Brasil infelizmente não mantém convênio cultural com a Itália. Minha mulher não pertence à faixa de idade incluída. Mas este é outro aspecto da questão.

Aproveito, entretanto, para dar um aviso ao Ministério da Cultura. O decreto abrange, nas isenções, os parceiros comerciais da FIFA domiciliados no exterior, assinalando que elas incluem equipamentos esportivos, equipamentos de transmissão de som e imagem, equipamentos médicos e de escritórios. E ainda aos prestadores de serviços (da FIFA) não residentes no Brasil. Também estão incluídos nas isenções tributárias os rendimentos pagos, creditados, entregues, ou remetidos às pessoas jurídicas e às operações de crédito, câmbio e seguros efetuadas desde que com credenciamento pela base temporária da FIFA no Brasil.

Quanto às operações de câmbio, há uma exceção: a vantagem fiscal não se aplica a operações que vierem a ser feitas no mercado financeiro nacional.A isenção de impostos inclui os diretos, como o de Renda e os indiretos, caso do IPI, ICMS, ISS. O IPI é federal. O ICMS estadual. O ISS municipal.

Os tributos indiretos – acrescenta o decreto – referem-se às aquisições realizadas no mercado interno pela FIFA, pela subsidiária que vier a constituir e por emissora fonte. Há igualmente a questão dos bens doados para entidades brasileiras de assistência social. Um capítulo trata do tema.Um anexo ao decreto, nas páginas 15 e 16, relaciona todos os serviços de comunicação, incluindo o uso de satélite, para transmissão e gravação que estarão também isentos de tributos. A relação de todos estes setores ocupa três colunas de alto a baixo de página dupla da edição. Quem tiver alguma dúvida ou buscar mais detalhes, deve adquirir o Diário Oficial de 13 de outubro. É vendido em algumas bancas ou então pode ser adquirido em distribuidoras especializadas.

sábado, 15 de outubro de 2011

Agora é o Ministério da Saúde bancando academias de ginástica e pistas de skate. Isso não vai acabar nunca?

Carlos Newton

A que ponto chegamos? Agora, é aplicação de recursos da saúde com despesas de outras áreas que está na mira do Ministério Público. Diante das graves denúncias revelada por O Globo, o defensor público federal André Ordacgy decidiu instalar um procedimento administrativo para apurar o caso. O Ministério da Saúde tem prazo de 30 dias para tomar posição e, caso não acate as recomendações da Defensoria, será acionado na Justiça Federal.

Reportagem de André de Souza mostra que o 1º Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva da Defensoria no Rio já abriu várias ações judiciais contra a União cobrando o obrigatório custeio de políticas de saúde. Segundo o defensor André Ordacgy, a União costuma alegar nessas ações que não há dinheiro suficiente para todas as políticas públicas da área.

“Como pega então esse dinheiro, que vive dizendo que é insuficiente, para aplicar em outras políticas que não são saúde pública? Isso é um contrassenso, isso é contraditório, isso não pode ser admitido. A verba para saúde pública já é pouca, não pode ser desviada” – diz ele.

A denúncia de O Globo revela que recursos destinados ao atendimento médico básico, universal e gratuito à população, em especial às parcelas de menor renda, estão sendo aplicados em outros fins. Assim como estados e municípios, que já foram acusados de maquiar os orçamentos da Saúde, o governo federal também contabiliza no Piso Nacional da Saúde despesas que deveriam ser custeadas por outras áreas e que, em alguns casos, são consideradas ilegais.

O defensor público federal argumenta que academias públicas de ginástica, pistas de skate e quadras devem ser custeadas diretamente pelo Ministério do Esporte, pois jamais se poderia fazer uma interpretação tão extensiva para tirar dinheiro do Ministério da Saúde, alegando que praticar esportes evita doenças, como se estivesse sobrando na Saúde para destinar a outras áreas de atuação do governo.

Entre os gastos apontados pelo O Globo que fogem da área do Ministério da Saúde estão também gastos administrativos em que se embutem despesas com assistência médica e odontológica aos funcionários da área e a seus dependentes (R$ 212,8 milhões), auxílio-alimentação (R$ 230 milhões), auxílio-transporte (R$ 50,9 milhões) e até assistência pré-escolar (R$ 5,9,7 milhões). Por fim, ocorre o desembolso dobrado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com os hospitais universitários.

“A assistência médica e odontológica aos funcionários públicos deve ser provida ou pelo Fundo de Previdência ou por plano privado próprio, e não pelo Ministério da Saúde” – diz Ordacgy, assinalando que gastos de prevenção não podem ser empurrados para o Ministério da Saúde. Segundo ele, ao fazer isso, o governo abre precedentes para que muitas outras ações de prevenção – de outras áreas do governo – sejam incluídas no Piso Nacional da Saúde.

Já o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, disse ao repórter André de Souza que os recursos hoje existentes para a Saúde são suficientes, mas, infelizmente, seu trato se dá de forma irresponsável. “Acabam servindo para instrumentalizar a corrupção entre as instituições públicas. Se houvesse seriedade na aplicação dessas verbas, certamente não faltaria dinheiro para a saúde”, acentuou o dirigente da OAB nacional.(Transcrito da Tribuna da Imprensa)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Intransigência da ECT, por quase nada, causou um prejuízo enorme

Pedro do Coutto

O Tribunal Superior do Trabalho, reportagem de Renato Machado, Folha de São Paulo de 12 de outubro, determinou à Empresa de Correios e Telégrafos, estatal que emprega 110 mil servidores, a concessão de quase o mesmo aumento pleiteado pelo sindicato da categoria. Reposição inflacionária de 6,8%, mais 80 reais e um tíquete extra de alimentação no valor de 575 reais.

O pessoal dos Correios concordava com os 6,8%, porém pediam aumento de 100 reais e abono de 800 reais. O presidente da ECT, Wagner Pinheiro, do PT, propunha aumento real de 50 reais. E negava o abono de 800. É só confrontar a decisão do TST com a proposta sindical para se verificar ser mínima a diferença. Nada que justificasse, de parte do governo, levar a uma greve de 28 dias. Como assinalou inclusive Joelmir Beting, no Jornal da BAND, poucos dias atrás, nota zero para a ECT em matéria de conduzir a questão trabalhista.

Os prejuízos foram enormes para a população e para a própria economia nacional. Financeiramente para a ECT, de 560 milhões de reais (20 milhões por dia); para a economia nacional a retenção de 184 milhões de correspondências, incluindo encomendas. Para o governo, desgaste político desnecessário.

A ECT irritou 105 mil eleitores por uma diferença irrelevante. Sobretudo no momento em que por lei, foi transformada em empresa pública, portanto obtendo autonomia administrativa. Acarretou uma freada na economia. Mas acrescentou aos bancos, uma vez que as contas pagas com atraso vão sofrer a incidência de juros. Um absurdo, um desconforto, um constrangimento. Perderam quase todos. Sem motivo concreto de peso, na verdade.

Faltou sensibilidade. O que nós não sabíamos ser tão alto, mas a ECT tinha pleno conhecimento, era o movimento diário de praticamente 6 milhões de correspondências de todos os tipos. Tanto assim que em quase 30 dias o volume acumulado de remessa atingiu 184 milhões de unidades. Em torno, portanto. de 200 milhões por mês ou 2,4 bilhões a cada doze meses. É só fazer a média mensal e considerar que o total de cartas e cartões cresce muito em dezembro.

Um mercado de 2 bilhões e 400 mil correspondências por ano não é nada pequeno. Aproxima-se inclusive, apesar da presença da internet na comunicação, do total registrado anualmente nos Estados Unidos. Lá são 2,7 bilhões de correspondências por ano, mas a população americana é de 300 milhões de habitantes, 35% maior que a brasileira. Em média, em correspondência per capita, estamos à frente dos Estados Unidos.

Em matéria de empregos, a ECT só perde entre nós, para o funcionalismo público e para a Petrobrás. Situa-se em terceiro lugar, empatada com o Banco do Brasil.A reportagem de Renato Machado (homônimo do apresentador do Bom Dia Brasil da Rede Globo), indiretamente, acentua a forte presença da comunicação escrita embora a rede de informática avance a cada dia.

Mas há limitações para tal avanço. Um deles o sogilo das informações remetidas. Colocar certo tipo de informação seja pessoal, comercial ou industrial na rede, pode significar um acesso a ela inconveniente sob todos os aspectos, ou então o rompimento de um sigilo indispensável. Informações sobre técnicas patenteadas, por exemplo. Ou a respeito de cadastros empresariais e pessoais. Cadastros pessoais que alimentam as redes insuportáveis de telemarketing.

Além da intransigência patronal de sempre, a greve na ECT serviu para revelar à opinião pública que as coisas não são nunca tão simples como parecem à primeira vista.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O círculo vicioso e vergonhoso da impunidade no Brasil

Altamir Tojal

Há um padrão criminoso no Brasil que desmoraliza os governos, a justiça e a democracia. É o poder dos chefões do tráfico de drogas e de outras organizações criminosas, ao comandar suas quadrilhas de dentro dos presídios. Esses bandidos continuam administrando seus negócios, ganhando dinheiro, desfrutando mordomias, debochando da justiça e ameaçando e mandando eliminar adversários.

Este mesmo padrão se repete na política brasileira. Quando um chefão graúdo da política é flagrado e denunciado por corrupção, a punição que recebe é ser afastado do cargo. E sempre com homenagens e agradecimentos pelos relevantes serviços prestados.

Depois, o que acontece com o chefão da corrupção? Ele continua no poder, fazendo os mesmos negócios escusos, ganhando mais dinheiro, instalado em gabinetes e hotéis de luxo, apoiando correligionários e perseguindo adversários. E zombando da justiça, rindo da nossa cara, das pessoas que trabalham e pagam impostos.

Ah! Tem uma diferença! Tem uma diferença importante! Eles nem chegam a ser julgados, nem condenados e muito menos são presos. Vivem livres e soltos, mandando e desmandando, adulados por seus partidos e outros beneficiários da corrupção. São até mesmo nomeados para outras funções de destaque e outros cargos públicos. Depois são apoiados com propaganda e com todo o dinheiro que precisam para se reeleger.

E o pior de tudo: os chefões da corrupção indicam, promovem, impõem a nomeação de juízes para os tribunais que deveriam julgá-los e condená-los.

Este é o círculo vicioso e vergonhoso da corrupção e da impunidade no Brasil.

Corrupção – em escala menor ou maior – existe em todo lugar e desde que o mundo é mundo. A diferença no Brasil de hoje é que a corrupção se tornou uma pandemia disseminada como estratégia de poder, que contaminou todos os níveis e todas as esferas do governo e dos serviços e políticas públicas.

A corrupção passou a ser imposta à sociedade como a única forma de fazer política no Brasil e de governar. Tudo e todos têm de pagar o imposto da corrupção, que rouba o dinheiro da saúde, da segurança, da merenda escolar e da educação.

É para lutar contra isso que estão sendo organizadas manifestações nesta quarta-feira, dia 12 de outubro em todo o país. É para construir um sistema político melhor, que puna a corrupção e combata a impunidade.

É por isso, que a agenda dos movimentos contra a corrupção começa pela aplicação da Lei da Ficha Limpa, pelo fim do voto secreto no Congresso Nacional, pelo limite à imunidade parlamentar, pela agilidade de julgamento nos casos de corrupção e pelo aumento das penas para corruptos e corruptores.

É por isso que não basta demissão. Tem de ter prisão!

Esta será uma campanha dura e longa. Há uma grande inércia política no país. Milhões de pessoas são beneficiárias desse sistema de poder corrupto. Muitos querem manter a qualquer preço empregos, bolsas, contratos e privilégios. Outros tantos temem sofrer retaliações.

Mas nós vamos perseverar, vamos aumentar a grande onda contra a corrupção e a impunidade. Vamos mobilizar mais gente e organizações, vamos convocar entidades independentes como a ABI, a OAB e a CNBB, que fizeram um manifesto no dia 7 de setembro, mas precisam se envolver mais nesta luta.

Vamos em frente na rede e nas ruas! Vamos vencer os chefões da corrupção e afirmar a democracia no Brasil! Vamos por cada vez mais pressão nos bandidos do poder!